quinta-feira, 9 de julho de 2015

Resenha do livro: As Cores da Escravidão,
de Ieda de Oliveira

    Hoje, caros amigos e leitores do NMW, trago uma resenha incrível de um livro simplesmente marcante. É um livro escrito com sensibilidade, uma história em que as palavras transmitem a crua e difícil realidade vivida por muitos - inclusive ainda nos dias atuais, por incrível que pareça.
     Um livro que vai mudar seu jeito de pensar a realidade e cujas palavras ainda irão latejar em seu coração, mesmo quando o livro estiver guardado lá no fundo de uma estante.

"Reconheci o sentido da palavra alegria: é quando o mundo inteiro cabe no olhar da gente. Se soubesse teria dito para o João, mas só agora descobria." p.86

Título: As Cores da Escravidão
Autora: Ieda de Oliveira
Editora: FTD S.A.
Edição:
Ano: 2013
Nº de páginas: 95
Sinopse: As cores da escravidão - Uma história sobre inocência roubada, sonhos invadidos, infância escravizada. Mas também sobre esperança, compaixão, amizade e amor."[...] Soma-se a isso a sensibilidade da narradora, a mão firme com que amarra suas páginas e a nós nelas, como se usasse de mágica, de modo que a gente já não sabe mais se está acompanhando a história ou se a história é que nos está acompanhando. E é o que faz 'As cores da escravidão' permanecer conosco muito depois de finda a última página." (Adriana Lisboa)
     Eu me pergunto agora, como começar essa resenha? Como resumir em breves palavras tudo o que este livro nos transmite, todos os momentos em que nos emocionamos com os personagens e com suas histórias? É um livro delicado, profundo, cheio de coisas que, como diz a sinopse, ficam com a gente muito depois de termos findado a leitura, porque simplesmente nos tocam lá no fundo e nos marcam produndamente.
     As Cores da Escravidão conta a história do menino Tonho e de seu amigo João, dois meninos que sonhavam em algum dia terem uma vida como aquela sonhavam, diferente da vida triste e necessitada em que passavam suas infâncias. Tudo muda quando um homem chamado Gato Barbosa surge, prometendo muitas coisas às pessoas e afirmando que, se elas fossem trabalhar longe com ele, iriam enriquecer rapidamente.
"Achava engraçado isso nele. Parecia uma onça-pintada. O cabelo meio vermelho, um monte de pintas cor de barro pela cara e olhos que mudavam de cor. Com medo, cinza. Com fome, amarelos. Com histórias, verdes. Com raiva, nunca vi." - p.18
     Os meninos veem naquilo a oportunidade que lhes faltava para conseguirem uma vida melhor. Mas o sonho acaba se transformando em pesadelo e os dois meninos, antes sonhadores, passam a ser simplesmente dois meros trabalhadores. Duas crianças sem infância, com a infância inteiramente roubada. Eram agora apenas dois braços que podiam carregar ferramentas e duas pernas capazes de caminhar e trabalhar. Não tinham rosto, nem voz e não importava o que tinham a dizer e nem aquilo que sentiam em seus corações.
     Os meninos, assim como todos os outros trabalhadores, perdem suas identidades como pessoas e acabam escravizados, sem dignidade numa vida sem horizontes. Não têm o que fazer além de seguir as duras regras e nem como fugir.
"Eu não sabia como inaugurar uma história. Não sabia existir sem uma história que me precedesse, ainda que eu não coubesse nela. Tudo de que eu entendia era de silêncio." p.53
     É uma história carregada de sensibilidade e de tristeza. Mas é uma história ao mesmo tempo linda e traz uma amizade que emociona. Além disso, nos traz presente uma realidade que muitas vezes desconhecemos ou que imaginamos já não existir: a escravidão infantil. Infelizmente, a escravidão é algo que não terminou com a abolição da escravatura e, de muitas formas, ainda existe em nossa realidade.
     A história de Tonho e João também nos faz pensar nisso e nos torna mais alertas para este tipo de coisa. Toda criança, e toda pessoa, por sinal, tem direito à vida, à dignidade, à educação e ao respeito. Que saibamos ser defensores da vida e lutar por aquilo que é digno à todas as pessoas.
"Sabe, meu menino, a cabeça da gente voa pra onde a gente quer e deixa a gente ser tudo, tudo nesse mundo. É um direito que a gente nasce e que não pode deixar morrer. Eu danço até hoje. E não pense que só tenho sapatilhas rosa, não. Tenho de tudo que é cor. Basta eu pensar e muda de cor. Danço em qualquer lugar. Ontem mesmo dancei na lua, porque o céu estava lindo demais." p.61
     As Cores da Escravidão é um livro que vai ficar marcado em você e que vai andar com você por muito tempo e, mesmo quando ele estiver guardado no fundo de uma estante, suas palavras ainda irão latejar em seu coração. É uma história escrita com uma singular simplicidade e que, justamente por isso, torna-se única e inigualável.
     Prepare seus lenços.
     Vale a pena ler.

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Este livro entra para o Desafio 2015 de que o NMW está participando, encaixando-se na categoria "Um livro que pode ser lido em um único dia", pois é uma história que prende o leitor e que só o solta novamente ao findar da última página. Conheça mais sobre o desafio AQUI.
Por Lerissa Kunzler

10 comentários:

  1. Gostei .muito do SEU resumo.bem dita suas palavras.obrigado.

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  2. Gostei .muito do SEU resumo.bem dita suas palavras.obrigado.

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  3. Adorei, me ajudou no trabalho da escola.

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  4. sabes me dizer o tempo e espaço que o livro se enconta??

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  5. qual período literário desse livro???

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  6. Queria saber o porque o nome ser as cores a escravidão.

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  7. Alguém sabe dizer qual o tipo de gênero desse livro?

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  8. Gostaria de compartilhar a interpretação deste.
    Sendo um livro de 2016, estou encontrando dificuldade em encontrar, agora em 2019..

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