sábado, 20 de janeiro de 2018

Pegue Suas Pipocas: O sorriso de Mona Lisa


Título: O sorriso de Mona Lisa
Título Original: Mona Lisa Smile
Duração: 117 min.
Dirigido por: Mike Newell
Atores principais: Julia Roberts, Kirsten Dunst, Julia Styles, Ginnifer Goodwin
Gênero: Drama/Romance
Ano de lançamento: 2003
Disponível na Netflix
Sinopse: Katherine Watson (Julia Roberts) é uma recém-graduada professora que consegue emprego no conceituado colégio Wellesley, para lecionar aulas de História da Arte. Incomodada com o conservadorismo da sociedade e do próprio colégio em que trabalha, Katharine decide lutar contra estas normas e acaba inspirando suas alunas a enfrentarem os desafios da vida.


     Katherine Watson é uma mulher que não se encaixa nos padrões da época em que vive - os anos 50 - e que enxerga muito além da visão restrita da sociedade da época, que propõe um modelo limitado para as mulheres de como devem viver, se portar, vestir e agir. Ela é um avanço para sua época, mas, ao arranjar um emprego no grande colégio Wellesley, que é justamente a escola mais conservadora do país, isso pode se tornar um problema. O colégio é extremamente rígido e tradicional, tudo que é "inovador" ou que foge de seus termos iniciais, não lhes convêm.
"Só porque uma coisa é antiga, não significa que seja primitiva."
     Katherine se vê, então, ensinando História da Arte para um grupo de jovens mulheres. Ela se surpreende com essas jovens já na primeira aula - ela que esperava ter muito o que dizer, se encontra sem fala diante de tanto conhecimento e se espanta com a capacidade daquelas mulheres. Poxa vida, como era possível que mulheres tão capazes estivessem estudando para depois reduzirem suas tarefas a simplesmente manter uma casa em ordem, sem nem mesmo fazerem uso de seus conhecimentos?
"- Diz aqui que pretende fazer Direito. Para que faculdade você vai? - Eu não pensei nisso, porque depois de me formar, eu pretendo me casar. - E depois? - E depois eu estarei casada. - Você pode fazer as duas coisas."
     Logo no início, Katherine já sofre pressão, pois seu método de ensino não segue a apostila e, ao invés de abordar a arte tradicional, como Michelangelo, por exemplo, ela prefere abordar as novas formas de arte que estavam surgindo na época, como Picasso, por exemplo - o que não era muito bem visto pelos tradicionalistas da época, e muitos nem mesmo consideravam essas expressões modernas como arte. Por fim, Katherine percebe que tudo parece estar contra ela: seus superiores a desaprovam, algumas alunas buscam defeitos nela para prejudicá-la e tudo parece estar prestes a ir por água abaixo.
"Me façam um favor. Façam um favor a vocês: parem de falar e olhem. Vocês não precisam escrever nada, vocês não precisam gostar. Só precisam... contemplar."
     Katherine, porém, não desiste e segue fazendo seu trabalho. Ela faz com que suas alunas ampliem a visão de mundo que possuem: elas passam a perceber que há mais que podem fazer, que podem ir além de simplesmente assumirem seus deveres para com a família e o marido - que era justamente o papel das mulheres naquela época: casar-se, cuidar da casa, da família e do marido. No entanto, para aquela época essas ideias já eram muito avançadas e muitos começam a olhar para Katherine com maus olhos: Por que ela não era casada? Por que não seguia a apostila proposta pelo colégio? Por que insistia em trabalhar a arte moderna quando a arte que seguia o estilo de Michelangelo, por exemplo, podia ter muito mais a dizer? Esses eram os questionamentos que os tradicionalistas da época usavam para questionar e julgar Katherine, porque ela era diferente dos padrões.
"- Então a escolha é de vocês: podem se conformar com o que as outras pessoas esperam ou vocês podem...- Eu sei. Sermos nós mesmas."
     O filme também mostra como era diferente e complicado ensinar naquela época. Tudo era supervisionado e não se podia fugir ou ir além daquilo que era proposto pela apostila do colégio. Sem falar que o papel das mulheres era encontrar um bom marido - quanto melhor o marido, maior seria o prestígio que elas teriam na sociedade - e então casar-se e cuidar do lar e dos filhos. Nada mais se esperava das mulheres. Elas podiam até estudar, graduar-se, mas não podiam exercer a profissão, pois isso já ficava fora de contexto e fugia do papel a que eram destinadas a desempenhar.
"O que as alunas de amanhã verão quando nos analisarem?"
     Katherine quebra paradigmas, muda visões de mundo, questiona os padrões estabelecidos e põe em xeque muitos pontos de vista até então nunca questionados. Em meio a tudo isso, o filme permite também acompanhar sua vida pessoal e os dramas e situações de cada uma das meninas, suas alunas.
"Ela está sorrindo. Mas ela está feliz?"
     O filme é excelente, conta com atuações brilhantes de atrizes de peso e faz uma bela de uma representação de todos os costumes da época em todos os seus detalhes, porém, em alguns pontos deixou a desejar e fugiu um pouco do contexto principal, para voltar logo depois (os fios da vida pessoal das personagens e o dilema da quebra de paradigmas não ficaram tão bem amarrados), ou fui eu que acabei indo com muita sede ao pote e acabei não achando tudo aquilo, afinal de contas.
     Mas, mesmo assim, o filme vale a pena e cumpre seu papel. Os costumes, padrões e tradições da época estão muito bem representados  e a atuação de Julia Roberts... Bem, é Julia Roberts, então só pela atuação dela o filme já vale a pena.
"Mudar para os outros é mentir para si mesmo."
     O filme me fez lembrar, em muitos pontos, de um manual de dicas para as "boas esposas", que vi rodando pela internet há algum tempo. É um manual que datava da década de 50, exatamente a época que o filme retrata, e trazia muitas dicas para uma "boa esposa" cuidar de seu marido, tais como: "Separe 15 minutos para descansar, assim você estará revigorada quando ele chegar. Retoque a maquiagem, ponha uma fita no cabelo e pareça animada. Seja amável e interessante para ele. Seu dia foi chato e pode precisar que o anime e é uma das suas funções fazer isso". Basta jogar no Google para encontrar o manual completo, também tem vários sites que o apresentam, como esse aqui.
     Confira o trailer do filme:

     Assisti esse filme como parte do Desafio Cinema (veja mais aqui), sendo que o primeiro item estaria relacionado ao Feminismo. Escolhi esse filme porque ele faz um retrato da vida das mulheres há pouco mais de seis décadas, a partir do que podemos fazer uma comparação com o modo como a vida das mulheres mudou nos dias de hoje e quantos direitos as mulheres conseguiram alcançar no decorrer desses anos: passando de não poder estudar e nem mesmo fazer peguntas diretas ao seu marido, a poder ser independente, viajar para onde quiser e desempenhar a função que desejar em suas vidas. Além disso, o filme mostra um papel feminino forte, que, no caso, é o de Katherine.
     Esse é um filme que faz pensar no quão bom é o fato de que os tempos mudaram.
     Em breve, você poderá conferir mais sobre os filmes que estou vendo para o Desafio Cinema. Fique de olho.
 Por Lerissa Kunzler

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