sábado, 24 de outubro de 2015

Resenha do livro: O Oceano no fim do Caminho,
de Neil Gailman

Título: O Oceano no fim do caminho
Autor: Neil Gailman
Editora: Intrínseca
Edição: 1
Ano: 2013
Nº de páginas: 208
Sinopse: Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos.Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino.Ele sabia que os adultos não conseguiriam — e não deveriam — compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível: as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano.
     Não é fácil falar sobre O Oceano no fim do caminho, pois ao findar a leitura, você meio que se sente como o próprio personagem principal da história. Você se sente tão confuso que não consegue lembrar-se dos detalhes de forma específica - aliás, da mesma maneira que nos sentimos ao tentarmos recordar com exatidão uma memória há muito desgastada pelo tempo. Tem-se a sensação de que tudo continua se confundindo em um vai-vem entre história e fantasia.
     A história começa quando o personagem central, vestindo um terno preto, resolve fugir um pouco de sua realidade e, assim, acaba se encontrando no cenário de sua infância. Tomando chá perto de um lago que já fora chamado outrora de "oceano",  ele começa a recordar tudo que lhe acontecera na infância, quando tinha apenas 7 anos.
"Ninguém realmente se parece por fora com o que é de fato por dentro. Nem você. Nem eu. As pessoas são muito mais complicadas que isso. É assim com todo mundo." p.90
     Nós, leitores, acompanhamos a narrativa, conforme suas memórias vão se desenrolando. Pode-se dizer que esta história é como uma rede, sendo que cada um dos buracos da rede correspondem a uma das inúmeras perguntas sem respostas que o livro deixa em seu decorrer. Você pode pensar: "mas, caramba, se o livro deixa um monte de perguntas sem respostas, como é que a história pode ser boa? Pois aí é que está, meu amigo. É justamente por conta dessas questões que ficam para trás que o este livro se torna único. A gente se sente meio que como a Hazel e o Gus de A Culpa é das Estrelas, queremos ir atrás do Nel Gailman para esclarecer todas as perguntas que ficam para trás: Afinal, quem era o minerador de opala? Por que teve de morrer daquela maneira? Quem e o que são, afinal, as Hempstock? Dentre tantas outras.
"--É só faz-de-conta, na verdade - falei, sentindo como se estivesse acabando com o encanto da infância ao admitir aquilo. --Seu lago. Não é um oceano. Não pode ser. Oceanos são maiores que mares. Seu lago é só um lago.--Ele é do tamanho que precisa ser." p.91
     Mas quer saber? Se tivéssemos todas as respostas, o livro perderia a graça. Afinal, desde quando se explica a fantasia? Desde quando as recordações de infância, sejam reais ou não, deve ser detalhadas e explicadas? E, além do mais, é justamente todo esse mistério, essas questões que admitem tantas possibilidades, que acabam tornando essa história única e excepcional.
"Nada nunca é igual. Seja um segundo mais tarde ou cem anos depois. Tudo está sempre se agitando e se revolvendo. E as pessoas mudam tanto quanto os oceanos." p.127
     E o personagem principal... Como era mesmo o nome dele? Ah, pois esta é justamente uma das tantas características da história: o narrador não possui nome, o que significa que a sua história poderia ser a de qualquer pessoa, até mesmo nós mesmos. Essa não identificação representa uma história que poderia ter marcado a infância de qualquer um de nós, pois é justamente a infância esse período de fantasia, de inocência e de criatividade.
"--Já é difícil o bastante estar vivo, tentando sobreviver no mundo e encontrar o seu lugar nele, fazer as coisas de que se precisa para seguir em frente, sem se perguntar se aquilo que você acabou de fazer, o que quer que tenha sido, foi o suficiente para a pessoa que, se não morrera, desistira da própria vida. Não é justo.--A vida não é justa." p.129
     O Oceano no Fim do Caminho é uma história marcante, uma fábula de mistério e suspense que consegue, inclusive, deixar alguns arrepios em nossa espinha. O livro trata de memórias de infância, de fantasia, de mistério. Faz-nos recordar de nossas próprias aventuras infantis: quem de nós nunca passou por algo marcante, algo que considera como uma "aventura"? O livro me fez recordar de tudo isso e pensar em como esse é um momento especial de nossa vida, um momento em que tudo se torna verdadeiro, possível e real por meio da imaginação.
"Pessoas diferentes se lembram das coisas de jeitos diferentes, e você nunca vai ver duas pessoas se lembrando de uma coisa da mesma forma, estivessem elas juntas ou não. Se elas estiverem uma ao lado da outra ou do outro lado do mundo, isso não faz a menor diferença." p.132
     É um livro que consegue ser, ao mesmo tempo, belo e assustador.
     Um livro único.
Por Lerissa Kunzler

6 comentários:

  1. Olá!
    De fato, esse livro é único!
    Eu amo esse livro, de verdade! Recomendo pra todo mundo. Já me falaram que o final não é legal, mas eu gosto. Acho que tem que ser assim mesmo. É como você disse, pra que explicar a fantasia?
    =D

    http://osdragoesdefogo.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Verdade, é um livro ótimooo!! xD
      Hahaha É mesmo!!
      Obrigada pela visita!! :D

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  2. Olá!
    De fato, esse livro é único!
    Eu amo esse livro, de verdade! Recomendo pra todo mundo. Já me falaram que o final não é legal, mas eu gosto. Acho que tem que ser assim mesmo. É como você disse, pra que explicar a fantasia?
    =D

    http://osdragoesdefogo.blogspot.com/

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  3. Oi Lery,
    Concordo contigo, é impossível ler esse livro e não se ver no personagem, ao menos em parte.
    Gosto de livros com finais abertos, nos forçam a terminar a história na nossa mente, imaginar tudo o que pode acontecer daí pra frente. É um livro muito bom, Neil Gaiman realmente é, pelo que já li, 8 ou 80, e esse livro sem dúvida é 80

    Grande abraço!!!!

    Leitor Antissocial

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    Respostas
    1. Ahh é verdade!! hahaha xD
      É muito interessante isso né, admite muitas possibilidades!!
      Com certeza!! Obrigada pela visita!! :D

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  4. Oi Lerissa, tudo bem com você?
    Adorei sua resenha, com certeza irei ler este livro!

    Beijocas da Jay
    http://aprateleira2014.blogspot.com.br/

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